Para ostentar essa farda, é preciso ter muito mais do que só sonhos, é preciso coragem para ir aonde ninguém quer ir, para pôr em risco a vida por pessoas que nunca se viu.
É preciso sangue-frio para manchar a farda com sangue dos desconhecidos e zelar por sua vida como sendo a mais importante de todas. É preciso saber que a mesma mão ensangüentada que se estende em busca de socorro difi cilmente virá a estender-se de novo em sinal de agradecimento.
Para ser bombeiro, deve-se estar à disposição da
vida, porque, enquanto o mundo festeja, os nossos olhos precisam permanecer atentos, e a alma, pronta, sempre velando pela segurança daqueles que estão sob nossas asas.
É preciso ter paciência e saber que a prevenção é sempre mais efi ciente. E, embora as estatísticas não registrem incêndios e acidentes que não ocorrem, se
aprende somente com o passar dos anos que não há nenhuma glória em combater um incêndio que poderia ter sido evitado.
Para ser bombeiro, o corpo precisa saber que não há diferença entre a madrugada fria e o verão quente, entre a água e o fogo. Todos se igualam ao som das sirenes.
Para ser bombeiro tem que gostar de química, entender um pouco de física, gostar de caminhões, entender como funciona o corpo humano, saber conversar com o fogo e com a água, mas, principalmente, tem que gostar de gente e saber que nem todas as estrelas do céu valem uma vida humana, e, para salvá-la, tudo o que se tem será posto à disposição, inclusive a vida do bombeiro.
Para ser bombeiro é preciso saber que se vai trabalhar muito e que os fracassos serão fantasmas que vão nos perseguir por toda a existência, e os sucessos são nuvens que se dissipam com o anoitecer.
Orgulho em ser bombeiro. In: Bombeiros de Portugal.
Internet: http://sandbox.hi5.com. Acesso em 10/2/2008 (com adaptações).
RICARDO BONALUME NETOda Folha de S.Paulo 
